Como Dilma poderia fazer mais do que fez sendo sabotada desde antes de assumir o novo mandato ?





Paulo Nogueira



Dilma está sendo bombardeada muito além da conta.

Me chamou a atenção o número de artigos em que pessoas que condenam o impeachment fazem questão de dizer que Dilma vem fazendo um governo péssimo e é irremediavelmente incompetente.

Um momento.

Gostaria de saber quais as razões concretas por trás dessa avaliação.

Dilma, a rigor, fez um mandato. Se os brasileiros não aprovassem seu desempenho ela não teria sido eleita. Isto é fato.

Para colocar em contexto, ela venceu em circunstâncias extraordinariamente adversas, o que dá ainda maior legitimidade à vitória.

A imprensa fez tudo o que podia para sabotar sua candidatura. Aécio foi escandalosamente favorecido. A imprensa tratou-o como seu candidato.

Dilma foi, em todos os momentos da campanha, massacrada por jornais, revistas, telejornais. O caso da Petrobras veio para liquidá-la.

Aécio não foi associado sequer ao helicóptero cheio de cocaína de seu amigo do peito (e de clube) Perrela.

O favorecimento criminoso da mídia a Aécio, neste episódio, pode ser avaliado diante das obsessivas menções, agora, a um “amigo de Lula”.

Perrela, para a imprensa e só para ela, não era amigo de Aécio.

Sequer o aeroporto privado que Aécio construiu com dinheiro público numa cidade mineira foi objeto de questionamento da imprensa.

A Folha tocou no assunto, e logo caiu fora. Aparentemente, estava mais preocupada em fazer marketing – o do rabo que não está preso – do que jornalismo efetivamente.

E a Globo fez uma palhaçada. Depois de ignorar o assunto, Bonner, em sua entrevista com Aécio, interpelou-o duramente sobre o aeroporto. De novo: depois de esconder o aeroporto.

Aécio, se fosse mais esperto, poderia responder: “Ora, Bonner, se o assunto fosse importante, vocês teriam dado bem no Jornal Nacional.”

Seria um ippon.

Dilma viveu uma situação oposta. A obra magna da imprensa foi a capa da Veja na véspera da eleição.

Baseada numa mentira acintosa, a de que um delator teria dito que Dilma e Lula sabiam de tudo no Petrolão, a capa foi maciçamente usada como propaganda política antipetista no maior colégio eleitoral do país, São Paulo.

O gangsterismo da Veja se comprovaria, algum tempo depois, quando foi publicado o real conteúdo da delação. Em nenhum instante o delator disse o que a Veja disse que ele disse.

Pois bem.

Com tudo isso, e sem ser uma debatedora com os dotes de Lula, Dilma venceu.

O povo, portanto, a aprovou. Deu-lhe mais um mandato.

E o que veio depois?

Dilma nem assumira e se iniciou um descarado movimento para derrubá-la. A direita, sem pudor, repetiu o que fizera em 1954 e 1964: tentar tirar na marra um governante de caráter popular.

Governar um país é difícil. Quando este país tem uma estrutura secularmente voltada para preservar privilégios e mamatas de uma pequena elite predadora, é ainda mais complicado.

Agora: quando você é sabotado a cada minuto, é simplesmente impossível. E Dilma vem sendo sabotada em regime de 24 horas por 7 dias. Não há feriado, não há dia santo, não há sábado e não há domingo.

Se você olhar para trás, vai ver que até os números de votos foram postos em dúvida. Nem a direita venezuelana chegou a tal grau de abjeção.

Como, diante disso, avaliar Dilma? Quem faria melhor? Quem teria chance de fazer melhor?

Ninguém.

A “incompetência” é, ao lado da corrupção, uma antiga arma usada pelo plutocracia brasileira contra presidentes que ela não controla. Jango foi o tempo inteiro acusado de incompetente quando criavam contra ele dificuldades simplesmente intransponíveis.

É a mesma história com Dilma.

A direita inviabiliza qualquer chance de você governar e depois acusa você de inepto.

Não há limites para o descaramento. Aécio, para defender o impeachment, disse nestes dias que a instabilidade é enorme no Brasil.

Ora, a instabilidade tem um nome: Aécio. Desde o primeiro dia ele se dedica a conspirar contra 54 milhões de votos.

O mandato de Dilma é de quatro anos. E no entanto desde a primeira semana cobravam dela como se fosse a última.

É golpe, é uma tentativa intolerável de destruir a democracia, falar em qualquer coisa que desconsidere que Dilma foi eleita para governar até 2018.

O momento de julgá-la – nas urnas – foi no final de 2014.

Querer tirá-la no poder agora, e com os argumentos desumanamente falaciosos que estão sendo utilizados, é um crime de lesa pátria e lesa democracia.



Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo



Postado no Diário do Centro do Mundo em 06/12/2015



Michel Temer é o verdadeiro capitão do golpe !



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Mudanças internas x Imediatismo




Stephanie Gomes

Estamos vivendo na era da rapidez, da ansiedade, da pressa e da resposta imediata. Queremos tudo para anteontem, estamos acostumados a encontrar a maioria das coisas que precisamos facilmente (graças à internet) e nos sentimos torturados quando temos que esperar mais do que queremos por algo.

Esse é um dos motivos mais comuns pelos quais muitas vezes desistimos de construir algo grande, abandonamos nossos projetos pela metade, deixamos nossos sonhos pra lá e não conseguimos fazer uma mudança que nos traria benefícios.

Nesse vídeo, eu falei especialmente sobre a dificuldade que temos em realizar mudanças internas por causa dessa necessidade de que o resultado apareça imediatamente. Refletir sobre isso me ajudou muito a me entender melhor, e acho que poderá ajudar vocês também a terem mais paciência com qualquer processo de mudança interna que estejam passando ou tentando iniciar.




Postado no Desassossegada


Quadrinho didático desconstrói falácia da meritocracia




É muito comum no Brasil, principalmente depois da ascensão de parte da população com os programas de transferência de renda do governo, algumas pessoas recorrerem ao conceito de “meritocracia”.

Essa ideia é, normalmente, utilizada para criticar as medidas sociais usando a justificativa de que todos têm as mesmas oportunidades e que o mérito verdadeiro – o sucesso profissional, por exemplo – depende unica e exclusivamente do esforço individual.

De modo simples e quase didático, o ilustrador australiano Toby Morris consegue desconstruir esse conceito.

Por meio de duas histórias distintas, em um quadrinho intitulado “On a Plate” [em português, De Bandeja], Morris resume bem a condição a que muitos estão submetidos e expõe os privilégios que os defensores da meritocracia carregam consigo e não enxergam.

Confira a versão com a tradução livre feita pelo Catavento.


meritocracia2
meritocracia3
meritocracia4

Postado no Conti Outra



Lembrando que esta música apareceu em 1999 no governo neoliberal do Presidente Fernando Henrique Cardoso
do Partido PSDB



Andrea Bocelli e Jennifer Lopez








Cunha vai unir o Brasil em torno de Dilma









Alex Solnik



A retaliação de Cunha não foi apenas contra o PT e o governo, mas contra o Brasil. Foi a "chave de ouro" de seu desempenho em 2015 em que mostrou a sua cara, ajudou decisivamente a afundar o país e a envergonhar os brasileiros.

É óbvio que a palavra impeachment é assustadora e, se o processo não for barrado pelo STF, que é um dos locais onde a lucidez e o bom senso prevalecem sobre a histeria vamos ter um 2016 pior ainda que 2015, mergulhado em incertezas - a situação propícia para aprofundar qualquer crise econômica.

No entanto, a decisão descabida, vingativa e canalha de Cunha pode ter uma consequência benéfica: poderá unir o Brasil em torno de Dilma.

É o que estou sentindo a partir das primeiras reações da manhã de quinta-feira. Acho que o país vai se dividir não mais em petistas e tucanos e sim em dois grupos: os homens decentes que vão se alinhar com Dilma, que é uma mulher decente e os canalhas que vão marchar com Cunha até o lixão da história.

Como há muito mais brasileiros decentes do que canalhas, o apoio à Dilma vai aumentar na mesma medida em que o de Cunha vai chafurdar na pocilga comum.

Estou pressentindo que, repito, se o STF não acabar com a farra do Cunha, que é o mais provável que aconteça, pois os ministros do Supremo sabem, mais do que ninguém, que Cunha não é flor que se cheire, e não faz bem ao país, a maioria da população irá às ruas desta vez para defender Dilma se não por outro motivo pela simples razão de que seu oponente é o Cunha. E as mulheres, acho, vão formar na vanguarda.

Esse movimento de união em torno da presidente poderá ser mais efetivo para tirar o país da recessão do que as receitas do dr. Joaquim Levy.

Quem faz o país andar são as pessoas. Se elas resolverem que vale a pena ir à luta por uma presidente honesta isto irá gerar uma energia positiva. Que é o principal componente imprescindível para o país voltar a crescer.

Os números negativos da economia não refletem apenas erros do governo ou a difícil situação internacional, mas também o desânimo dos brasileiros. Acho que isso é que às vezes dá a sensação, para quem viveu aquela época, de que as coisas fluíam mais durante a ditadura: é que estávamos todos animados, movidos pelo sentimento contra os generais assassinos.

Animados pelo mesmo sentimento, desta vez contra o golpe do Cunha, temos tudo a ganhar.


Postado no Brasil 247 em 03/12/2015



Decorando com aparadores de livros