Moda 2012: Cintura Alta !



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O visual fica muito alegre e bonito com as saias floridas bem combinadas.( Foto: Divulgação)



















Leonardo Boff sempre vale a pena ser lido !


Brasil: de empresa internacionalizada a sociedade biocentrada

Jornal O Povo (CE) 6/2/2012

"A modernidade no sentido da criação de vastas populações excluídas, nasceu no Brasil e na América Latina" 

Leonardo Boff*


Há interpretações clássicas sobre a formação da nação-Brasil. Mas esta do cientista político Luiz Gonzaga de Souza Lima é seguramente singular e adequada para entender o Brasil no atual processo mundial de globalização: A Refundação do Brasil: rumo a uma sociedade biocentrada (Rima,São Carlos 2011). Seu ponto de partida é o fato brutal da invasão e expropriação das terras brasileiras pelos “colonizadores” à base da escravidão e da superexploração da natureza. Não vieram para fundar aqui uma sociedade mas para montar uma grande empresa internacional privada, uma verdadeira agro-indústria, destinada a abastecer o mercado mundial. Ela resultou da articulação entre reinos, igrejas e grandes companhias privadas como a das Índias Ocidentais, Orientais, a Holandesa (de Mauricio de Nassau), com navegadores, mercadores, banqueiros, não esquecendo as vanguardas modernas, dotadas de novos sonhos, buscando enriquecimento rápido.


Ocupada a terra, para cá foram trazidas matrizes (cana de açúcar e depois café), tecnologias modernas para a época, capitais e escravos africanos. Estes eram considerados “peças” a serem compradas no mercado e como carvão a ser consumido nos engenhos de açúcar. Com razão afirma Souza Lima: ”o resultado foi o surgimento de uma formação social original e desconhecida pela humanidade até aquele momento, criada unicamente para servir à economia; no Brasil nasceu o que se pode chamar de ‘formação social empresarial”.

A modernidade no sentido da utilização da razão produtivista, da vontade de acumulação ilimitada e da exploração sistemática da natureza, da criação de vastas populações excluídas, nasceu no Brasil e na América Latina. O Brasil, neste sentido, é novo e moderno desde suas origens.

A Europa só pôde fazer a sua revolução, chamada de modernidade, com seu direito e instituições democráticas, porque foi sustentada pela rapinagem brutal feita nas colônias. Com a independência política do Brasil, a formação social empresarial não mudou sua natureza. Todos os impulsos de desenvolvimento ocorridos, não conseguiram diluir o caráter dependente e associado que resulta da natureza empresarial de nossa conformação social. A tendência do capital mundial global ainda hoje é tentar transformar nosso eventual futuro em nosso conhecido passado. Ao Brasil cabe ser o grande fornecedor de commodities para o mercado mundial, com parco valor agregado.

A empresa Brasil é a categoria-chave, segundo Souza Lima, para se entender a formação histórica do Brasil e o lugar que lhe é assinalado no processo atual de globalização desigual. O desafio consiste em gestar um outro software social que nos seja adequado, que nos desenhe um futuro diferente. A inspiração vem de algo bem nosso: a cultura brasileira. Ela foi elaborada pelos escravos e seus descendentes, pelos indígenas que restaram, pelos mamelucos, pelos filhos e filhas da pobreza e da mestiçagem. Gestaram algo singular, não desejado pelos donos do poder que sempre os desprezaram e nunca os reconheceram como sujeitos e filhos e filhas de Deus.

O que se trata agora é refundar o Brasil, “construir, pela primeira vez, uma sociedade humana neste território imenso e belo, o que nunca ocorreu em toda a era moderna, desde que o Brasil foi fundado como empresa; fundar uma sociedade é o único objetivo capaz de salvar nosso povo”.Trata-se de passar do Brasil como Estado economicamente internacionalizado para o Brasil como sociedade biocentrada.

Enquanto sociedade humana biocentrada, o povo brasileiro deixará para trás a modernidade, apodrecida pela injustiça e pela ganância, e que está conduzindo a humanidade a um abismo. Não obstante, a modernidade entre nós, bem ou mal, nos ajudou a forjar uma infra-estrutura material que pode permitir a construção de uma biocivilização que ama a vida em todas as suas formas, que convive pacificamente com as diferenças e com capacidade de sintetizar os mais diferentes fatores.

É neste contexto que Souza Lima associa a refundação do Brasil às promessas de um mundo novo que deve suceder a este agonizante, incapaz de projetar qualquer horizonte de esperança para a humanidade. O Brasil poderá ser um nicho gerador de novos sonhos e da possibilidade real de realizá-los em harmonia com a Mãe Terra e aberto a todos os povos.

*Leonardo Boff Teólogo/Filósofo lboff@leonardoboff.com

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Ótima análise sobre Trabalho Capital e " Tempos Modernos "





"Tempos Modernos": trabalho alienado na Revolução Industrial


A primeira exibição de Modern Times (Tempos Modernos), filme de Charles Chaplin em que o seu famoso personagem — “The Tramp” ou “Carlitos” (no Brasil) — tenta sobreviver em meio ao mundo moderno e industrializado, ocorreu em 5 de fevereiro de 1936, no Rivoli Theater de Nova Iorque. 

O Sul21 reproduz abaixo um artigo do Prof. Sérgio Prieb, do Departamento de Ciências Econômicas e pesquisador do Núcleo de Estudos Econômicos (NEEC) do curso de Ciências Econômicas da UFSM.

Após o artigo, antes das Referências bibliográficas, trazemos o link do YouTube com a exibição completa do filme.


Por Sérgio A. M. Prieb

“Não sois máquinas! Homens é que sois!”

(Discurso de Charles Chaplin no final do filme “O grande ditador”)

A origem da palavra trabalho tem sido comumente atribuída ao latim tripalium, instrumento de tortura utilizado para empalar prisioneiros de guerra e escravos fugidios. 

Assim, em sua própria terminologia, o trabalho carrega uma carga de esforço e desprazer, o que é extremamente compreensível em sociedades onde predominavam o trabalho forçado e que atividades produtivas eram desprezadas e executadas tão somente por escravos como na Grécia e Roma antigas, cabendo aos homens livres a execução de atividades intelectuais ligadas às ciências e às artes.

Pode-se afirmar que o trabalho é o ato que o homem executa visando transformar conscientemente a natureza, ou para citar Marx (1983, p. 149), é uma ação em que o homem media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. 

A origem do trabalho encontra-se na necessidade de a humanidade satisfazer suas necessidades básicas, evoluindo para outros tipos de necessidades, mesmo supérfluas. 

Assim, trabalhar é produzir riqueza, o que é necessário em todos os modos de produção, seja no comunal primitivo, no escravista, no feudal, no capitalista, e mesmo nas experiências socialistas. O que muda é a forma de produzir, a tecnologia utilizada, e a relação entre o sujeito que produziu e o que se apropria do que foi produzido, que varia de acordo com a forma de organização da sociedade*(1).

A sociedade não vive sem o trabalho, na verdade, pode-se dizer que o homem evoluiu de sua condição animal até sua condição atual devido ao seu trabalho*(2).

Engels (s/d, p. 270) afirma que o homem modifica sua relação com a natureza devido ao trabalho. Se na condição animal ele tinha de submeter-se às leis da natureza, através do trabalho ele busca dominar a natureza, transforma-a em proveito próprio. Passa de ser dominado a ser dominante devido ao desenvolvimento do trabalho.

O próprio desenvolvimento do seu corpo, do cérebro, da fala, e da relação entre os homens origina-se do trabalho. 

Desta forma, Engels afirma que o trabalho criou o homem e o homem criou o trabalho, sendo esta uma ação exclusivamente humana, pois assume uma forma consciente, não intuitiva, pois antes de produzir um objeto é necessário ao trabalhador elaborá-lo inicialmente em seu cérebro para só então partir para a execução. Já as atividades que os animais executam (a aranha e sua teia, o joão-de-barro e sua casa) são meramente intuitivas, daí trabalho ser uma atividade exclusiva da espécie humana.

Para Marx, o único bem que o trabalhador possui devido a não ser proprietário de meios de produção é a sua força de trabalho, a sua capacidade de trabalhar, sendo por isso que o trabalhador é obrigado a vender sua força de trabalho ao capital.

Ao contrário de sociedades pré-capitalistas como o feudalismo e a escravidão, no capitalismo o trabalhador entrega sua capacidade de trabalhar por um tempo determinado através de um contrato de trabalho.

Além do estabelecimento de um contrato de assalariamento que regula as relações capital-trabalho, algumas diferenças podem ser encontradas no trabalho sob o modo de produção capitalista em comparação com sociedades pré-capitalistas.

Como já visto, o trabalho era desprezado na Grécia e Roma antigas, fazendo com que a socialização dos indivíduos ocorresse fora do trabalho, enquanto na sociedade capitalista a socialização dos indivíduos ocorre exatamente nas relações de trabalho. 

Para esta mudança, a revolução industrial dos séculos XVIII e XIX teve um peso determinante*(3), com a formação de exércitos de trabalhadores que desprovidos de qualquer propriedade são obrigados a abandonar a vida do campo, sendo jogados nas cidades em busca de empregos assalariados junto às nascentes indústrias.

O trabalho então assumiria um novo caráter, de atividade indigna no passado, passam a ser vistos como indignos aqueles que não trabalham, taxados como vagabundos os que não se submetem a trabalhar para o capital*(4), mesmo que o próprio capital não tenha interesse em absorver todo o trabalho posto à sua disposição.

Assim, os capitalistas sempre encontram um grupo de trabalhadores à margem do processo produtivo, mas sempre ávidos por incorporar-se a ele, a estes trabalhadores Marx denominou de “exército industrial de reserva”.

Em “Tempos modernos” (“Modern times”), filme de Charles Chaplin*(5) de 1936, o diretor mostra com maestria os efeitos que o desenvolvimento capitalista e seu processo de industrialização trouxeram à classe trabalhadora. 

Como diz o texto de introdução do filme, “’Tempos modernos’ é uma história sobre a indústria, a iniciativa privada e a humanidade em busca da felicidade”*(6).

A temática de “Tempos modernos” custou a Chaplin uma série de perseguições por parte da CIA, juntamente com a acusação de simpatias comunistas*(7)

Além disso, havia recusado naturalizar-se norte-americano argumentando ser um “cidadão do mundo” o que agrava ainda mais sua situação. Chaplin passa a constar na “lista negra” de Hollywood durante a perseguição macarthista, o que torna sua situação de trabalho nos EUA insustentável (seus filmes eram proibidos), levando-o a abandonar definitivamente os EUA em 1952.

No filme, o vagabundo Carlitos, ironicamente, encontra-se na condição de operário. É o auge do predomínio do padrão de acumulação taylorista-fordista, em que os trabalhadores tem suas habilidades substituídas por um trabalho rotineiro e alienado.

É o predomínio da esteira rolante de Ford, do cronômetro de Taylor*(8), do operário-massa.

A inadequação de Carlitos com o trabalho alienado perpassa o tempo todo do filme. 

Na condição de operário ele tenta se adaptar, se esforça para inserir-se naquele novo mundo de produção em massa, máquinas gigantescas, exploração do trabalho, mas também de greves e de organização sindical. 

Esta inadequação fica presente logo no início do filme, quando um bando de ovelhas brancas é mostrado e apenas uma delas tem a cor preta, certamente esta representa o próprio Carlitos. A cena do bando de ovelhas é misturada com a cena dos operários entrando na fábrica, como se fossem animais indo para o abate, só que, na verdade, vão para a produção na fábrica.

Como operário da fábrica, Carlitos se depara com a esteira de produção fordista que aumenta o ritmo de produção a todo instante, tornando a relação homem-máquina extremamente conflituosa, até o ponto em que o próprio Carlitos é engolido pela máquina, saindo de lá em uma condição de insanidade, momento em que ele abandona a condição de quase um autômato (repetindo um gesto mecânico mesmo quando não está trabalhando, fruto da alienação do trabalho) para uma situação de confronto direto em que ele sabota a produção, insurge-se contra o patrão e é internado como louco.

A contradição capital-trabalho está presente de forma clara no filme. O patrão fica numa sala armando quebra-cabeças e lendo jornal, ao mesmo tempo em que de um monitor controla todos os movimentos dos operários e dita o ritmo de produção a ser executado*(9).

Em outras passagens, a inadequação de Carlitos com o trabalho alienado fica presente nas tantas tentativas de trabalhar que o personagem enfrenta. 

Quando arranja trabalho no caís após sair do hospício, consegue em um simples gesto lançar um navio ao mar. Quando o personagem vira vigia na loja de departamentos, além, de não conseguir impedir um assalto, consome produtos da loja, leva a amiga para o interior da loja, e dorme no serviço. Trabalhando como auxiliar de mecânico, Carlitos demonstra a todo instante sua inadequação com a simples tarefa de ajudar o mecânico chefe, fazendo com que este seja também engolido pela máquina. Quando assume o papel de garçom, também é nítida a sua incapacidade de servir uma mesa.

Na verdade, Carlitos só consegue mostrar sua identificação com atividades nada alienantes e que fogem ao domínio da máquina sobre o trabalho. 

Quando ele está na loja de departamentos e mostra uma grande habilidade em patinar, e quando está no restaurante trabalhando como garçom e que improvisa um número musical cômico. 

Neste momento percebe-se que em ao menos em uma atividade ele é bom, em um tipo de trabalho que requeira criatividade e não uma mera execução de tarefas formulada por terceiros. Só então, ele é aplaudido por todos e inclusive, parabenizado pelo patrão*(10).

A voz de Carlitos é ouvida pela primeira vez no cinema quando ele canta. Chaplin opunha-se ao cinema falado, achando que este não duraria muito tempo. 

Na verdade, seu temor era com seu próprio personagem, adequado muito mais ao gestual do que a fala. Somente depois de 10 anos de existência, é que em “Tempos modernos”, Chaplin faria sua primeira experiência com o cinema falado, ou no seu caso, “semi-falado”. 

Ouve-se o ruído das máquinas, o som mecânico da “máquina de comer”, do alto-falante em que o patrão dirige-se aos funcionários, mas em nenhum momento um personagem fala, que não seja através de uma máquina*(11).

Mesmo quando Carlitos canta ele expressa uma crítica ao cinema falado, quando esquece a letra, sua amiga*(12) grita a ele: “Cante! Dane-se a letra!”, e é o que ele faz, mostra que mesmo sem palavras, ou no caso, usando palavras sem sentido, mas caprichando no gestual, faz com que todos consigam compreender uma história*(13).

Outro aspecto que chama atenção no filme é o predomínio completo do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto*(14), ou seja, ao capital não interessa a forma como está sendo produzido ou o que está sendo produzido, somente importa é que está sendo criado valor. 

Daí não sabermos exatamente qual a mercadoria que Carlitos produz, e certamente, nem mesmo os operários da fábrica o sabem. Assim, não existe qualquer identificação do trabalhador com seu trabalho, nem com a mercadoria produzida por ele.

Mesmo com toda a crítica social que é feita, a reação do personagem Carlitos ao sistema é feita de maneira individual e não coletiva. 

Quando eclode a Grande Depressão de 1929, que coincide com a saída do personagem do hospício, é levado à prisão acusado de ser líder comunista por empunhar uma bandeira (pretensamente vermelha) em frente a um grupo de trabalhadores que fazia uma passeata na rua. 

Carlitos é visto como o cidadão comum, não politizado, mas que pelo simples gesto de buscar devolver a bandeira que tinha caído do caminhão é acusado de líder da revolta operária. Em outro momento, quando eclode uma greve na fábrica em que trabalha, também por acidente é acusado de agressão a um policial que viria reprimir a greve.

No final do filme, quando sua amiga indignada com a situação de perseguição, miséria e desemprego pergunta: “para que tudo isso?” ele responde: “levante a cabeça, nunca abandone a luta”. No entanto, a reação dos dois não é o enfrentamento contra o capital, é retirar-se da cidade, indo em direção ao campo*(15).

Ao som da belíssima “Smile”, de autoria de Chaplin, Carlitos dá as costas para a produção em massa, para as gigantescas máquinas que desempregam trabalhadores, para as suntuosas lojas com suas escadas rolantes, para o trabalho alienado.

Seria o último filme mudo de Chaplin e também a despedida do personagem Carlitos, que havia se tornado obsoleto em um momento em que o cinema falado tomava conta dos cinemas do mundo todo. Era o sinal dos tempos. Os tais “tempos modernos”.


Referências bibliográficas

BRAVERMAN, Harry. Trabalho e capital monopolista – a degradação do trabalho no século XX. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.

CHAUÍ, Marilena. Introdução. In: LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. São Paulo: Hucitec, 1999.

CLARET, Martin. Chaplin por ele mesmo. São Paulo: Martin Claret, 2004.

ENGELS, Friedrich. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem. In: MARX, Karl. e ENGELS. Friedrich. Obras escolhidas, volume 2. São Paulo: Editora Alfa-Omega, s/d.

GOMES, Morgana. A vida e os pensamentos de Charles Chaplin. Rio de Janeiro: 4D Editora, s/d.

LEPROHON, Pierre. Charles Chaplin – o seu destino e a sua obra. Lisboa: Livros do Brasil, s/d.

MARX, Karl. O capital – crítica da economia política – Vol. I, Tomo I. São Paulo: Abril Culural, 1983.

PRIEB, Sérgio. O trabalho à beira do abismo – uma crítica marxista à tese do fim da centralidade do trabalho. Ijuí: Editora Unijuí, 2005.

VÁSQUEZ, Adolfo. Filosofia da práxis. São Paulo: Expressão popular/CLACSO Livros, 2007.

*Professor Adjunto do Departamento de Ciências Econômicas da UFSM. Doutor em Economia Social e do Trabalho pela Unicamp. Membro do Comitê Central do PCB.

1. “Como criador de valores de uso, como trabalho útil, é o trabalho, por isso, uma condição de existência do homem, independente de todas as formas de sociedade, eterna necessidade natural de mediação entre homem e natureza e, portanto, da vida humana” (Marx, 1983, p. 50).

2. Sobre o papel central do trabalho na sociedade capitalista contemporânea, bem como uma crítica aos autores que acreditam ter o trabalho perdido seu sentido na sociedade moderna, ver Prieb (2005).

3. Vásquez (2007, p. 47) afirma que mesmo que tenha ocorrido a partir da revolução industrial uma valorização maior do trabalho e da técnica, não chega a despertar uma valorização do trabalhador e da significação de sua atividade produtiva.

4. “Nesse imaginário, ‘a preguiça é a mãe de todos os vícios’ e nele vêm inscrever-se hoje, o nordestino preguiçoso, a criança de rua vadia (vadiagem, aliás, o termo empregado para referir-se às prostitutas), o mendigo – ‘jovem, forte, saudável, que devia estar trabalhando em vez de vadiar’” (Chauí, 1999, p. 10).

5. Charles Spencer Chaplin nasceu em 1889 em Londres, Inglaterra, e morreu em 1977 em Vevey, na Suiça.

6. “O filme custou US$1.500.000 de dólares (somente para fazer a grande máquina que engole Chaplin e Chester Conklin foram gastos 500 mil), mas nos Estados Unidos rendeu apenas US$1.800.000. enquanto a Itália e a Alemanha proibiram sua exibição, em Londres, Paris e Moscou, ele alcançou um sucesso considerável durante o resto do ano” (Gomes (s/d, p. 67).,

7. Chaplin no início dos anos 30 percorre o mundo divulgando “Luzes da cidade”. Ao retornar publica vários artigos em jornais falando de suas viagens pelo mundo, salientando as contradições que estava encontrando na sociedade moderna, sendo estes artigos a inspiração para “Tempos modernos”. Juntamente com suas idéias sociais, Chaplin defendia que os EUA deveriam parar com a propaganda anti-comunista contra a União Soviética. Mesmo assim, Chaplin nunca declarou-se comunista, sendo que em um telegrama endereçado a Parnell Thomas, da Comissão de Atividades Antiamericanas escreveu: “Dizem que você quer perguntar se sou comunista. Deveria ter-me feito essa pergunta durante os dez dias em que permaneceu em Hollywood. Sobre o que quer saber, não sou comunista. Sou somente um fator da paz” (Claret, 2004, p. 126).

8. Taylor introduz o cronômetro das atividades produtivas na fábrica, cronometrando todas as fases do processo de produção, buscando que os trabalhadores tornassem seu trabalho mais produtivo. Braverman (1987, p. 97) mostra que em uma experiência de Taylor, ele conseguiu fazer com que um operário aumentasse em 276% a produção, com um simples incremento de 60,86% no salário. O exemplo deveria ser disseminado para os demais operários, mostrando, assim, que era possível aumentar as produtividade se os trabalhadores se empenhassem mais. Existem no filme várias referências à medição do tempo. A primeira imagem do filme é exatamente do relógio da fábrica, que marca a hora da entrada, do almoço, da troca de turno e da saída do trabalho. A todo instante, Carlitos bate o ponto no relógio-ponto da fábrica, mesmo quando está fugindo da polícia. Outras tantas referências irão aparecer no decorrer do filme, Carlitos perde a hora na loja de departamentos, quando dorme demais. Por acidente prensa o relógio de seu chefe imediato na fábrica, além disso, a “máquina de comer” promete que vai “eliminar a pausa para o almoço, aumentar a produção e ultrapassar a concorrência”. A própria realização do filme parecia insurgir-se contra o tempo moderno, sendo rodado de outubro de 1934 a agosto de 1935, um tempo bastante longo para os filme da época.

9. Esta dissociação entre o trabalho do operário que simplesmente cumpre ordens e não tem qualquer inserção sobre a forma como produz, fica claro em Braverman (1987, p. 53): “Assim, nos seres humanos, diferentemente dos animais, não é inviolável a unidade entre a força motivadora do trabalho e o trabalho em si mesmo. A unidade de concepção e execução pode ser dissolvida. A concepção pode ainda continuar e governar a execução, mas a idéia concebida por uma pessoa pode ser executada por outra.”

10. Esta inaptidão para outros tipos de trabalho que não o artístico foi presente na vida do próprio Chaplin, que tendo trabalhado como entregador de mercearia, recepcionista de consultório médico, garoto de recados entregador de papelaria, tipógrafo, vendedor e assoprador de vidros, só conseguiu sucesso profissional após tornar-se artista (Gomes, s/d, 11-13).

11. Em “O capital” Marx afirma que as formas de valor das mercadorias teriam uma “fala própria”: “Vê-se, tudo que nos disse antes a análise do valor das mercadorias, diz-nos o linho logo que entra em relação com outra mercadoria, o casaco. Só que ele revela seu pensamento em sua linguagem exclusiva, a linguagem das mercadorias. [...] Diga-se de passagem que a linguagem das mercadorias, além do hebraico, possui também muitos outros idiomas mais ou menos corretos” (Marx, 1983, p. 57). Marx quer dizer que o capital passa a assumir propriedades que não são suas, mas sim dos homens, ou seja, o capital domina o trabalho, o que é derivado do trabalho passa a ser considerado mérito do capital.

12. A órfã, amiga de Carlitos no filme, é a atriz Paulette Goddard (1910-1990). Chaplin era 21 anos mais velho que Paulette e ficaria casado com ela de 1932 a 1940.

13. “Ainda desta vez utiliza um subterfúgio para demonstrar a inutilidade da palavra na sua arte. Mima esta canção e canta-a numa língua imaginária de palavras feitas de sons diversos e onomatopaicos, de tal modo que esta língua, graças unicamente à interpretação do ator (já que o texto é inintelígevel, diverte, interessa e significa” (Leprohon, s/d, p. 205).

14. Os conceitos de trabalho concreto e trabalho abstrato foram introduzidos por Marx no livro 1 de “O capital” (Marx, 1983). O trabalho concreto produz valores de uso, enquanto o trabalho abstrato produz simplesmente valor.

15. Chaplin havia gravado outro final para o filme, em que a órfã teria virado freira e Carlitos como em filmes anteriores, terminaria sozinho. Preferiu o final mais otimista, em que os dois personagens ficam juntos.


Postado no Blog Sul21 em 05/02/2012












Numa edição do jornal do SBT o apresentador Carlos Nascimento fez uma comentário sobre as notícias da semana, encerrando com a frase “Nós já fomos mais inteligentes”.
Acompanhei a semana da “Luíza na internet” através das redes sociais e tudo foi muito tenso. Na mesma semana tivemos o assunto do estupro no BBB, o início da barbárie da desocupação do Pinheirinho, manifestos contra o SOPA e PIPA e a piada da Luíza que estava no Canadá.
Foto de sualk61 no Flickr em CC, alguns direitos reservados.
Foi uma semana muito difícil. Falar sobre violência contra a mulher nunca é um assunto fútil e nossa lista e blogs nunca tiveram tantas mensagens e acessos. Nos posicionamos contra, pressionamos a rede globo, questionamos a SPM e com isso conseguimos visibilidade sobre um assunto que é um tabu social.
A pressão das redes sociais pelo engavetamento do SOPA (Stop Online Piracy Act), na mesma semana, fez que com que a lei fosse arquivada e provavelmente não retornará da forma original que foi redigida.
Já a ocupação do Pinheirinho, foi discutida nas redes sociais de forma que foi conseguido uma liminar da justiça federal interrompendo a ocupação. (Infelizmente isso não evitou a barbárie do governo do estado de São Paulo).
Tudo isso enquanto a Luíza estava no Canadá. Acho interessante o recorte do jornal do SBT sobre os assuntos da semana. A discussão sobre o estupro, resumiu-se em assistir o BBB. Não estamos discutindo sobre BBB. Estamos falando sobre estupro. Desqualificar a discussão sobre estupro apenas diminui o ato mantendo-o como tabu. Então, desqualificar essa discussão nada mais é do que desqualificar a internet e os movimentos sociais que nela estão inseridos e sabiamente utilizam dessa ferramenta para obter uma voz ao qual a mídia brasileira ignora.
Para quem não sabe, desqualificar é um dos dispositivos da dialética eurística para se vencer um argumento de forma falaciosa.
Todo e qualquer assunto pode ser fútil ou questionador. O problema não é o assunto que se aborda e sim como este está sendo conduzido. Vejamos como exemplo a piada da Luíza que está no Canadá.
  • Pode-se tratar sobre o assunto como uma inocente piada.
  • Pode-se questionar o porque da publicidade introduzir essa frase, na venda de um imóvel ao qual é necessário ostentar uma determinada classe social. Na lógica publicitária, isso informaria que pessoas que vivem nesse apartamento possuem status social ao qual viagens ao exterior são coisas rotineiras. E isso pode causar inclusive discussões antropológicas da sociedade brasileira.
  • Pode-se pensar em como um viral na internet funciona e estudar sua técnica de abrangência por meio das redes sociais.
Não somos mais inteligentes por abordar o assunto A ou assunto B. Como conduzimos o assunto é a grande questão.
Vamos analisar o próprio telejornal. Há sessões que falam sobre economia, política, cultura e esportes. Falar sobre futebol torna o telejornal “menos inteligente”? Falar sobre carnaval torna o telejornal “menos inteligente”? Não, porque depende do discurso e como o telejornal conduz essas informações.
Segundo  Chomsky, Carlos Nascimento utilizou algumas das estratégias de manipulação da mída e numa simples frase conseguiu:
1. Desqualificar os usuários de mídias sociais e o compartilhamento de informações.
2. Desqualificar movimentos sociais que procuram vozes e espaços que quebram o status quo e o modelo dominante.
3. Desqualificar a internet como meio democrático de troca de informações.
Como foi feito?
1. A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO
Porque não mencionar os outros assuntos relevantes da semana? Porque não mencionar que o SOPA ou o Pinheirinho foram alvo de discussões na internet?
2. CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES
Criou-se um problema: A internet não é um lugar confiável na gestão da informação. Logo temos a solução: Então fiquemos com o Jornal do SBT e com a grande mídia que são veículos tradicionais e “confiáveis” para obtenção de informações.
3. UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Frases de efeitos, são uma estratégia excelente para se causar um aspecto emocional e não reflexivo.
Concluindo, o SBT, assim como a maioria dos grandes veículos da mídia brasileira, estão perdendo espaço para a internet. Um vídeo postado no youtube foi mais comercialmente efetivo do que se estivesse sido colocado na grade do sbt. Desqualificar a internet e seus usuários foi a forma encontrada para induzir seus espectadores a esvaziar a informação trocada nas mídias sociais e nos movimentos sociais. A piada da Luíza não é engraçada para o SBT, pois esvazia seu modelo de rentabilidade através da publicidade. Eles entenderam a piada, mas não há porque rir. E querem nos fazer acreditar que também não temos o porquê em rir. Afinal, eles continuam inteligentes e nós com a internet mais ainda.

Danielle Cony

Feminista, roteirista, questionadora e mãe. Compulsiva por comida e audiovisual. Sempre acha que mundo pode ter uma outra perspectiva, ângulo ou enquadramento.
Postado no Blog Blogueiras Feministas 

Repórter se emociona e chora !


Não "Veja" na corrupta Tv Globo, não vai ser mostrado no "Fantástico". Tudo porque o crime cometido foi obra do PSDB o partido da máfia midiática. Estou esperando a CPI da Privataria da Tucanalha!



                        

                              Postado no Blog Aposentado Invocado em 05/02/2012

Sorrir faz bem !




Pudim de Pão








Ingredientes 


2 xícaras de chá de miolo de pão picado e sem casca ou 2 pães franceses

1/2 litro de leite 

1 xícara chá de açúcar ( não muito cheia ou 1 dedo abaixo da borda da xícara ) ou mais ou menos 140 gramas

6 ovos

1 colher média ou de sobremesa de maisena

1 colher de chá de essência de baunilha ou açúcar de baunilha


Preparo


Colocar o pão de molho no ½ litro de leite por 30 minutos.

Enquanto o miolinho de pão está de molho no leite, fazer o caramelo na forma de pudim com 2 xícaras de chá de açúcar e 1 colher de sopa de água em fogo baixo.

Voltar ao miolinho, amassar bem com os dedos, misturando bem o pão e tirando as casquinhas que possam ter ficado.

Misturar bem os ovos com um pouquinho de leite e colocar, coando, no pão com leite.

Colocar o açúcar, a maisena dissolvida em um pouco de água e a baunilha.

Bater e misturar muito bem com um garfo ou batedor fue por 45 segundos.

Colocar na forma caramelada. 

Colocar uma panela alta com água ( banho-maria deve passar da metade da forma de pudim ) em cima do fogão, esperar a água ferver e colocar a forma de pudim tampada por 2 horas e 15 min.

Quando colocamos a forma de pudim na panela com água fervendo, a água para a fervura. 

O tempo começa a ser contado após colocar a forma na água da banho-maria e a água começar a ferver novamente. Baixar o fogo e contar o tempo de 2 horas e 15 min.