Morte e Vida Severina




MORTE E VIDA SEVERINA, POEMA DE JOÃO CABRAL DE MELO NETO, EM UMA BELA VERSÃO EM DESENHO


As festas renovam o ritmo da vida, mas a vida em si já é uma festa, já é explosiva e renovada desde sempre, concedendo aos homens o gosto de serem eternos, mesmo quando esta eternidade é assim franzina, mesmo sendo a eternidade de uma vida severina. Boas Festas!


…“E não há melhor resposta 

que o espetáculo da vida: 

vê-la desfiar seu fio, 

que também se chama vida, 

ver a fábrica que ela mesma, 

teimosamente, se fabrica, 

vê-la brotar como há pouco 

em nova vida explodida 

mesmo quando é assim pequena 

a explosão, como a ocorrida 

como a de há pouco, franzina 

mesmo quando é a explosão 

de uma vida Severina”.




Postado no blog Barão de Itararé em 24/12/2011


Eles ainda não entenderam nada!

por Marcelo Albagli


Ao que tudo indica, 2012 será muito interessante pelo desenrolar da 'CPI da Privataria', cujo requerimento de criação foi protocolizado na 4a. feira por Protógenes Queiróz (PC do B/SP) na Câmara dos Deputados. Apesar do silêncio da chamada 'Grande Mídia', o livro do jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que estimulou o evento, já é campeão absoluto de vendas.



Se há 10 anos a indústria fonográfica foi virada de ponta a cabeça por causa da internet, se Hollywood investiu milhões em lobby para proteger-se contra as cópias digitais, e se ainda nos últimos anos os EUA viram uma quantidade enorme de jornais fecharem suas portas, o episódio de 'A Privataria Tucana' adquire um tom que vai além dos interesses de diferentes grupos políticos.

Enquanto se leva a (mais do que pertinente) discussão sobre a seletividade dos grandes veículos quanto ao escândalo, o episódio da Privataria evidencia também a disputa entre Velha e Nova mídias. Não bastou a TIME do ano passado trazer Zuckerberg como Personalidade do Ano (o Le Monde trouxe Assange), ou que em 2011 a mesma revista mostrasse a foto de um "Protester" - aquele que se organizou por SMS e virou hashtag no Twitter - tralha ocuppywallstreet. A maior parte da Grande Mídia brasileira ainda não aprendeu com o exemplo do NYT (clique http://www.pageonemovie.com).

Quando Merval Pereira em sua coluna fez referência aos 'blogueiros chapa branca', é preciso compreender que isso significa mais do que uma suposta disputa entre PSDB e PT. Demonstra também a batalha entre uma instituição que perde poder com a descentralização da informação e outra que parece já ter nascido com a missão de ganhar. Mas se não é novidade que a internet ajuda a derrubar regimes, vamos ver como será no Brasil no ano que vem. 

Um Feliz Natal e um 2012 repleto de felicidades para vc! 

Postado no Blog Doladodelá em 23/12/2011

Como a chamada "grande mídia" respeita!? a Liberdade de Expressão






" A Bolívia venceu o McDonald's "




Após 14 anos de tentativas, McDonald’s fecha suas lojas na Bolívia

Da Redação
A Bolívia se tornou o primeiro país latino-americano que ficará sem McDonald's | Foto: Divulgação
Após 14 anos de presença na Bolívia, e apesar de todas as campanhas feitas, a cadeia de lanches rápidos McDonald’s se viu obrigada a fechar os oito restaurantes que mantinha abertos nas três principais cidades do país: La Paz, Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra.
Todos os esforços desenvolvidos pela rede para inserir-se no mercado boliviano foram infrutíferas. De nada valeu preparar o molho Ilajwa, favorito do altiplano, nem apresentar os melhores conjuntos locais ao vivo.
Com isso, a Bolívia se tornou o primeiro país latino-americano que ficará sem McDonald’s e o primeiro país no mundo onde a empresa fecha por ter seus números no vermelho por mais de uma década.
O impacto para os chefes de marketing tem sido de tal força que foi gravado um documentário sob o título “Por que McDonald’s quebrou na Bolívia”, onde tentam explicar de algum modo as razões que levaram os bolivianos a continuar preferindo as empanadas, ao invés dos hambúrgueres.
Rechaço cultural
O documentário inclui reportagens com cozinheiros, sociólogos, nutricionistas, educadores e historiadores. Todos concordam que o rechaço não é aos hambúrgueres, nem ao sabor; o rechaço está na mentalidade dos bolivianos. Tudo indica que, literalmente, o “fast-food” é a antítese da concepção que um boliviano tem de como se deve preparar uma comida.
“Na Bolívia, para ser boa, além de gosto, a comida requer esmero, higiene e muito tempo de preparação”, assim é como um consumidor avalia a qualidade do que leva ao estômago: também avalia o tempo entre a preparação e o consumo de qualquer alimento.
“A comida rápida não é para essa gente”, concluíram os estadunidenses.
Com informações da Adital

Postado no Blog Sul21 em 30/12/2011







Mousse de Maracujá


 


Ingredientes


1 lata de leite condensado
2 caixas de creme de leite de 200 ml 
200 ml de suco concentrado de maracujá
2 colheres de sopa de açúcar


Preparo

Colocar todos os ingredientes no liquidificador.
Bater por 4 minutos.
Colocar em tacinhas ou potinhos individuais de mais ou menos 100 ml.
Opcional:  Colocar cereja, chocolate granulado ou confeitos coloridos.
Colocar na geladeira por 8 horas.
Rende 10 porções individuais de 100 ml.




Mamãe Noel

Martha Medeiros


Sabe por que Papai Noel não existe? Porque é homem. Dá para acreditar que um homem vai se preocupar em escolher o presente de cada pessoa da família, ele que nem compra as próprias meias? Que vai carregar nas costas um saco pesadíssimo, ele que reclama até para colocar o lixo no corredor? Que toparia usar vermelho dos pés à cabeça, ele que só abandonou o marrom depois que conheceu o azul-marinho? Que andaria num trenó puxado por renas, sem ar-condicionado, direção hidráulica e air-bag? Que pagaria o mico de descer por uma chaminé para receber em troca o sorriso das criancinhas? Ele não faria isso nem pelo sorriso da Luana Piovani! Mamãe Noel, sim, existe.

Quem é a melhor amiga do Molocoton, quem sabe a diferença entre a Mulan e a Esmeralda, quem conhece o nome de todas as Chiquititas, quem merecia ser sócia-majoritária da Superfestas? Não é o bom velhinho.

Quem coloca guirlandas nas portas, velas perfumadas nos castiçais, arranjos e flores vermelhas pela casa? Quem monta a árvore de Natal, harmonizando bolas, anjos, fitas e luzinhas, e deixando tudo combinando com o sofá e os tapetes? E quem desmonta essa parafernália toda no dia 6 de janeiro?

Papai Noel ainda está de ressaca no Dia de Reis. Quem enche a geladeira de cerveja, coca-cola e champanhe? Quem providencia o peru, o arroz à grega, o sarrabulho, as castanhas, o musse de atum, as lentilhas, os guardanapinhos decorados, os cálices lavadinhos, a toalha bem passada e ainda lembra de deixar algum disco meloso à mão?

Quem lembra de dar uma lembrancinha para o zelador, o porteiro, o carteiro, o entregador de jornal, o cabeleireiro, a diarista? Quem compra o presente do amigo-secreto do escritório do Papai Noel? Deveria ser o próprio, tão magnânimo, mas ele não tem tempo para essas coisas. Anda muito requisitado como garoto-propaganda.

Enquanto Papai Noel distribui beijos e pirulitos, bem acomodado em seu trono no shopping, quem entra em todas as lojas, pesquisa todos os preços, carrega sacolas, confere listas, lembra da sogra, do sogro, dos cunhados, dos irmãos, entra no cheque especial, deixa o carro no sol e chega em casa sofrendo porque comprou os mesmos presentes do ano passado?

Por trás do protagonista desse megaevento chamado Natal existe alguém em quem todos deveriam acreditar mais.

"As transformações no trabalho doméstico no Brasil"



 The Economist analisa as transformações no trabalho doméstico no Brasil




Em uma edição mais rechonchuda e com cara de especial, às vésperas do Natal, a revista britânica The Economist traz uma comparação entre Brasil e Inglaterra. O detalhe que inquieta o leitor é que é o Brasil do começo do século XXI com a Inglaterra de quando o século XX despontava. O tema é o trabalho doméstico e as relações de classe social.


A perspectiva é interessante, na medida em que a matéria sustenta que o Brasil está, de certa forma, libertando suas domésticas (a grande maioria são mulheres) em uma transformação social em que o pobre não mais se submete ao rico em tudo, porque não precisa mais. Segundo a revista, no início do século passado, os ricos começaram a sentir com desconforto as transformações que ocorriam nas bases da ordem social no Reino Unido.


O Brasil, por outro lado, começa a ver uma transformação no trabalho doméstico no início dos anos 2000, quando, de acordo com a The Economist, se assemelhava à Inglaterra dos anos 1880: desigual, sem oferecer educação para as massas e com longa tradição de trabalho doméstico. Os antes imigrantes nordestinos em São Paulo passam a voltar para seus estados, que experimentam um grande crescimento econômico. As empregadas domésticas exigem mais de suas patroas (e ainda impera a perspectiva de que quem cuida das coisas da casa é a mulher) e pedem demissão com muito mais facilidade. Elas têm vida social (não vivem mais apenas para o trabalho e nem moram na casa da patroa) e, nela, frequentemente mentem a respeito de sua atividade, devido ao precoceito que sofrem.


Reino Unido tem tantos empregados domésticos quanto na era vitoriana


Mas se o Reino Unido teve sua grande transformação um século antes do Brasil, ele não continuou evoluindo durante todos os 100 anos que a seguiram e continua um dos países mais desiguais entre os considerados desenvolvidos. Embora muito tenha mudado desde a Inglaterra vitoriana, do fim do século XIX, ainda é um país de classes sociais bastante definidas, com uma elite (aristocracia) dominante, oposta a um grande número de trabalhadores (muitos desempregados) pobres. A diferença entre classes grita quando a revista mostra o exemplo da escola de mordomos, para a qual muitos aristocratas mandam seus funcionários. Em 2011.


A média mais baixa de gasto com trabalho doméstico foi registrado em 1978, mas quadruplicou desde então. De uma forma diferente, mas ainda refletindo a grande desigualdade entre as classes, ainda que muitos tenham alguma qualificação (como para ser babá) e ganhem relativamente mais. Hoje os ricos pagam para que seus cães sejam levados para passear ou para limpar o forno. O resultado é que estimativas do órgão responsável pelos dados estatísticas no país estima que hoje haja o mesmo número de trabalhadores domésticos que na Inglaterra vitoriana.


No Reino Unido não existe a menor possibilidade de um trabalhador chegar ao poder. Ele nem sequer teria a chance de concorrer, porque só participar de um partido político já é uma atividade extremamente elitizada, o que traz como consequência um Parlamento majoritariamente composto por membros da classe A (não que o brasileiro não o seja, mas na terra da rainha a coisa é ainda pior).


Isso um século depois de as bases da ordem social inglesa terem sido alteradas, como diz a revista. Meu primeiro pensamento foi de que isso poderia ser um sinal de que temos que ter cuidado com o que está sendo feito no Brasil, um medo do que pode acontecer, não daqui a 100 anos, mas talvez nas próximas décadas, já que as transformações tendem a ter consequências cada vez mais imediatas.


Mas aí parei um pouco para pensar e comecei a questionar a publicação. Muito da análise tem sentido. De fato, o Brasil está sentindo uma mudança gigante em sua estrutura social, milhões de pessoas estão subindo de classe e passando a consumir, as perspectivas de trabalho estão também se transformando e, com isso, as relações sociais. Mas o contexto é diferente, e a forma como a mudança está sendo possibilitada, também.


Enquanto no Reino Unido, 100 anos depois de as mudanças no trabalho doméstico começarem a ser sentidas, ainda é impossível um trabalhador chegar a ser primeiro-ministro, no Brasil, elas aconteceram justamente porque já tivemos um trabalhador como presidente.


Na Inglaterra do início do século XX, a razão principal da mudança era muito mais a emancipação da mulher, que via abrirem-se as portas para um novo mercado de trabalho, do que por uma ascensão social, como é o caso do Brasil de 2011 (embora a situação prove que ainda existe um grande preconceito de gênero nas relações de trabalho no Brasil em prejuízo das mulheres).


O que deve mudar daqui para a frente


O futuro do Brasil, de acordo com a The Economist, são mudanças nos hábitos do dia-a-dia. Mais comidas congeladas nas mesas das famílias (uma boa cozinheira pode custar 4 mil reais por mês), escolas particulares quase todas de turno integral, roupas que não precisam ser passadas começam a ser mais procuradas, baby-sitters para uma ou outra noite mais especial ocupam o lugar de babás permanentes, homens vão assumir mais tarefas domésticas. Muitas mansões paulistas não têm certas comodidades domésticas, como máquina de lavar louça ou água quente na cozinha, porque têm empregados de tempo integral, o que deve mudar.


O que a revista não diz é que mudanças todos vão sentir, mas de formas diferentes. Em vez de começar a cozinhar e passar roupa, a madame compra a comida pronta e a roupa que não amassa, porque ela não se submete ao trabalho doméstico, que ainda é considerado inferior e continua gerando preconceito contra quem o faz. A classe média alta vai comer mais comida pronta e gastar o dinheiro jantando fora de vez em quando, com seus filhos estudando em escolas particulares que oferecem todo o amparo que precisam. Mas a classe média baixa continua dependendo da escola pública e contando as moedas. O cenário é bem diferente de quando essa mesma pessoa não tinha sequer moedas para contar e seus filhos trabalhavam em vez de estudar, mas o Brasil só vai ser igual de verdade quando todos puderem jantar em bons restaurantes e a educação for pública e de qualidade para os filhos de todas as famílias.


Por Cristina P. Rodrigues

Postado no Blog Somos Andando em 19/12/2011