O silêncio que nutre



Maria Cristina Tanajura

Somos espíritos que estamos vivenciando uma experiência corporal neste momento. Precisamos cuidar da manutenção de nosso veículo físico temporário, ou seremos expulsos dele pela morte, o que não queremos, pois necessitamos das experiências que estamos passando para aprendermos algo novo, para evoluirmos. 

A densidade planetária nos aprisiona, mas também nos dá a possibilidade de criarmos asas mais fortes para um voo mais rápido e certeiro rumo à nossa casa real, à nossa tão esperada felicidade.

Tudo certo - quanto a cuidar de nossa casa planetária, de nosso corpo físico. O que não podemos é viver apenas pra isto, pois somos seres espirituais, antes de qualquer coisa, precisando do alimento de esferas mais altas, para que cresçamos e possamos resistir aos desafios desta dimensão terrestre.

Além de nossa mente racional, tão valorizada e estimulada hoje em dia, há uma zona sutil e silenciosa que nos abastece de alegria, de paz, de real força para caminhar. Acessamos ela através da quietude e da meditação.

Nada muito complicado, mas natural, pois não deve ser difícil entrar em contato com quem realmente somos. Complicado é viver entre sombras, quando buscamos Luz. 

Este núcleo manso e sereno é de onde viemos, é a nossa essência, somos nós em nossa plenitude e verdade.

Mas a vida corrida que nos foi imposta pela velocidade febricitante dos acontecimentos do mundo atual nos impede, muitas vezes, de conseguir parar, respirar conscientes e se imaginar na Luz e na Paz da própria essência. 

Isto faz parte de uma conspiração para nos desestabilizar, mas não devemos nos render a ela. Somos mais fortes e podemos nos reabastecer de Paz. O desejo sincero tem a condição de nos levar para onde quisermos - basta que seja verdadeiro. A Verdade é a força e traça o Caminho...

Aproveitarmos os benefícios que a tecnologia nos proporciona é uma sabedoria. Mas não podemos viver sem orar, sem sentir como realmente estamos interiormente, sem nos ouvir, sem nos amar. 

Porque senão estaremos muito vazios e numa solidão enorme, mesmo cercados de tantas pessoas, de tantas coisas, de tantos sons, de tantos estímulos diferentes.

Buscar a própria casa no nosso ser mais íntimo é mandatório e sem isso ficaremos nos sentindo perdidos, mesmo que aparentemente tenhamos tudo para estarmos seguros. 

Esta nossa casa é só nossa e só pode ser acessada por cada um de nós. Lá está o verdadeiro Amor, a Paz que apazígua as lutas diárias, a gentileza que perdoa os nossos deslizes, a alegria de viver com serenidade apesar do que estiver acontecendo na superfície.

É como se tivéssemos atingido o fundo do mar! As ondas de fora atestam a presença de ventos fortes, mas se formos descendo, descendo, encontraremos uma luz carinhosa e muito silêncio - que só existe na águas profundas.

Entrar em contato com este silêncio interior deveria ser a coisa mais fácil de todas. Mas, infelizmente, deixou de ser. 

Precisamos reaprender a fazer isto, seja da forma que for possível e que nos seja mais prazerosa. Onde estivermos, pelo tempo que for possível. Por exemplo, estando presentes ao máximo em tudo que fizermos. Evitando viver no "piloto automático", como robôs sem alma.

Buscar este silêncio é estar a caminho do paraíso, mesmo num corpo físico limitante. E certamente ele vai ter muito mais saúde depois que o iluminarmos com a energia de nossa essência. 

Pois doenças são apenas sintomas de uma desarmonia, de um desequilíbrio, de um afastamento. Elas atestam o choro de alguém que precisa de si mesmo e que vive perdido nos outros, nas coisas, na mente que não para de falar, de criticar, de julgar, de exigir...

Cada um sabe como se encontrar. Não é alguma coisa pra ser ensinada por alguém, mas desejada e vivida!

Depois disto, seremos verdadeiramente amorosos, compassivos, pacientes, pois já saberemos o que é verdadeiramente ser feliz. Partilharemos o que somos.


Postado no site Somos Todos Um


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